13 de abr. de 2015

Pobre do pobre


Eu falei que gosto de pepino em conserva. Também aprecio conserva de rabanete e cebola. O que eu não suporto é conserva baseada em conceitos econômicos. E, porra, tal conservadorismo só se expande!
Agora, a conversa é sobre a redução da maioridade penal.
Ninguém entende que o alvo desta maluquice é o adolescente pobre e negro? 
Claro que entende!
A questão é a seguinte: “Poxa, não podemos matar esta gente, mas, tirá-las de circulação, sim. Oba!”
Bem claro quanto à falta de preocupação com o humano jogado em uma cela sem qualquer perspectiva.
O interesse desta gente é: não enxergar a pobreza, nem o negro que, para eles, só serve para receber auxílio social, cota universitária, traficar e ocupar postos de trabalho “inferiores”.
Que gente medíocre e inútil!
Estranho que estudaram nas melhores escolas...
Caro leitor, mais uma vez peço desculpas por repetir minha opinião: temo a expansão deste pensamento excludente, desumano, individualista e desconhecedor de outras realidades.
Eu nunca passei necessidade alguma na minha vida. Através de muito esforço dos meus magníficos pais, estudei nas melhores escolas (e aproveitei!), me alimentei com satisfação e não sofri problemas econômicos. Contudo, nunca fui fresco e conheci – conheço – lugares onde a miséria é rotina, a fome dor constante e o chão da casa (maloca) é de terra nem sempre batida.
Eu sei que sou um raro privilegiado e que muitos carregam realidades extremamente opostas.
Hoje, um amigo enviou a última entrevista do Seu Jorge, cantor e ator que sempre carregou meu respeito. De origem humilde, teve a sorte e progrediu através de sua produção artística. Mantenho a admiração artística, mas, excluo a questão pessoal que afirmou que “O Rock não é um gênero pro negro.” Ele falou essa merda no seu bar localizado nos Jardins, em São Paulo. Será que se esqueceu do Chuck Berry que juntou o Blues – criação negra – com a música Country para criar o Rock n’ Roll, na década de 1950? Só pode!
Seguindo a ideia do Seu Jorge, questiono: então, ele acha que o negro não pode se casar com alguém da raça branca, que negro não pode morar em bairro nobre e nem ter um carro luxuoso?
Será que não é nada disto e a “culpa”, na verdade, é da elitização econômica que ele não percebeu? Talvez.
Está difícil.
E ainda não se discutiu o armamento da população em “prol” da família...
Coluna nadacult, jornal Folha da Manhã de 8 de Abril de 2015, Folha Dois, página 3.
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