16 de nov. de 2013

A "artista" e o corno

Na casa ocorria uma festa. De repente, adentrou uma guria descalça que falava alto e intitulava-se “artista”. Nessas ocasiões, desvio o olhar e lamento. Mas, ela insistiu. Com os pés sujos, unhas pintadas e usando um vestido caro, pediu a atenção de todos e iniciou um discurso enfático – e bestial – contra o Eike Batista, contra o Capitalismo, contra o Governo Federal, Estadual e Municipal e a favor dos Black Blocks. Em momento algum olhei pra ela. Quando terminou, sugeriu um brinde aos falsos defensores do povo que não participei. Foi um erro.
Após a tragédia, levantei-me do sofá e caminhei até a cozinha para buscar uma cerveja. Tomei um susto com a presença que questionou a minha não participação no brindar. Na tentativa de evitar uma conversa mínima, disse que pensava em outra coisa. Mais um erro. Ela se irritou e falou que eu era um alienado e que não me preocupava com os outros. Me desculpei e ouvi a clássica pergunta – costume da sociedade campista: “Você sabe quem eu sou?” Eu não sabia. “É... mais um alienado pela mídia. Gosta de Funk ou Axé? Sou vocalista de uma banda de Rock que faz muito sucesso!” Respondi: “Que bom.” e segui em direção ao sofá.
A patroa me olhou feio e perguntou o que “aquela guria falou?” Contei e a patroa, inesperadamente, soltou alto riso. “Ela é uma riquinha! O pai enriqueceu defendendo corruptos!”
Não me surpreendi.
Logo depois, o namorado da esquerdistinha pediu silêncio e bêbado falou: “Hoje comemoramos aniversário de namoro. Eu sei que sou corno... mas, como largar esta mulher inteligente, politizada e bonita?" Tomei um grande gole de cerveja e, mais uma vez, confirmei que a maioria não sabe tomar um traguinho violento.

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