Depois de 11 horas,
subi as escadas do prédio,
abri a porta do apartamento
e agradeci pelo fim da jornada diária.
Apesar do sono
(infinito),
fome
e dores nas pernas,
decidi que era necessário adquirir algo
alegre para beber.
Amontoei as raras
moedas e com ousadia
(muitas vezes burra),
arrisquei o carro quase sem combustível
para chegar ao armazém do senhor
baixinho e sem expressão.
Na porta do estabelecimento,
um homem (aparentando 50 e poucos anos)
tomava cerveja e fumava cigarro,
me cumprimentou sorridente.
Retribuí o afeto e fui
ao balcão onde gastei o valor de sempre: 20 Reais
(é engraçado, cara... meu pedido é
sempre o mesmo e,
mesmo assim,
o dono da venda
sempre soma os produtos em uma
calculadora cheia de gordura e poeira).
Ao sair, o homem da
cerveja falou algo que não entendi.
Pedi para repetir e disse:
“Amanhã é feriado e nada melhor que
tomar uma ‘cervejinha’! Você sabe por que é feriado?”
Logo após eu responder,
fez uma cara feia e resmungou:
“Quanta besteira!”
Era um senhor negro.
Coluna nadacult, jornal Folha da Manhã de 25 de Novembro de 2015, Folha Dois, página 3.
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